Nossa Revista

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EDIÇÃO Nº 111 MARÇO 2024

PROGRAMA "FALANDO DE MISSÕES"

PROGRAMA "FALANDO DE MISSÕES"
Todos os SÁBADOS, 15 horas - Rádio CPAD FM 96, 1 João Pessoa ou www.radiocpadfm.com.br

QUANTO TEMPO VOU VIVER, SÓ DEUS SABE


Dizem por aí que o destino de um dependente de droga é clínica, cadeia ou cemitério. O outro “c” ou a outra possibilidade bem mais otimista, é casa de recuperação, por onde passaram Daniel Camaforte, autor deste testemunho, e Nelson Roberto Massambani.

A matéria de capa da revista Veja de 27/05/98 deixou-me perplexo. Embora tenha vivido o drama de estar preso às drogas durante seis anos de minha vida, ao ler aqueles relatos de pais que perderam seus filhos e filhas, por overdose ou pelo suicídio, revivi alguns flashes de minha própria história e percebi, com maior profundidade, de que ponto Deus, por meio de sua graça, me arrancou.

Nasci em um lar de classe média, onde meus pais, íntegros, honestos e bem intencionados, procuraram dar aos filhos o melhor daquilo que eles mesmos nunca tiveram. Dessa preocupação, nasceu um projeto para o filho mais velho, que formava-se então em um colégio agrícola, no interior de São Paulo. Meus pais compraram um sítio que, com o tempo e investimento, seria transformado em uma fazenda. Na época eu morava em Santo André. Era, então, um garoto do ABC paulista, com cultura e linguagem de um grande centro. Já que meu irmão mais velho não era maduro o suficiente para levar o negócio sozinho, toda a família, com exceção de meu pai, mudou-se para o interior. Para mim, a mudança significou um choque cultural terrível, sem falar nos amigos e na namoradinha que perdi. Porém, o que mais pesou foi a falta do meu pai, pois ele continuou trabalhando em São Paulo, visitando a família em finais de semana. Fiquei extremamente revoltado por causa das perdas que sofri; reclamei, briguei, tive crises de choro e acabei isolado, solitário em minhas mágoas, sentindo o peso da situação. Perdi o interesse pelos ideais da família, em busca da minha própria felicidade. Aos 14 anos fumei maconha pela primeira vez, aos 15, foi a vez da cocaína na veia. Não é regra, mas conflitos e situações como esta acabam empurrando o jovem para a droga. Outras vezes, é só a curiosidade, que também acaba empurrando o curioso para o abismo.

Depois de quatro anos preso ao vício, ficamos arrasados, desgastados, destroçados e sem esperança. Eu e toda minha família, que acabou adoecendo comigo.

Não era só a droga, mas havia se instalado um vazio existencial enorme, profundo, feio, onde a vida já não valia mais a pena. Era só acordar, para o processo roubo/dinheiro/traficante/droga começar de novo, fazendo da vida um inferno.

Roubava meus pais e fazia “aviões” para traficantes. Ficava drogado 24 horas por dia. Fiquei internado numa clínica por 38 dias, ao preço de um salário-mínimo e meio por dia. Médicos, terapeutas, psicólogos, enfermeiros e tudo o mais. Nesta fase, depois de um exame de consciência, quis abandonar as drogas, mas não consegui. Era só passar em frente a uma “boca de fumo”, que começava a tremedeira e a dor de estômago que acompanhavam o desejo maligno por uma nova dose.

Dois meses depois eu recaí e voltei pior. Foi quando meu pai, preocupadíssimo com meu estado, sugeriu que eu fizesse um exame de sangue. O resultado chegou rápido: HIV positivo.

O mundo desabou sobre minha cabeça. Foi o momento mais desesperador da minha vida. Aos 19 anos de idade, com a vida toda pela frente, sentia que havia ido muito longe. A idéia da morte em estado terminal, consumido pela doença, me assustou, me apavorou. Nunca a vida teve tanto valor quanto naquele dia e nunca lamentei tanto meus próprios erros e descaminhos. Chorei pelo fato de que eu, com minhas próprias mãos, desrespeitei limites, compartilhando seringas com qualquer pessoa em qualquer lugar. Foi o alto preço que a droga cobrou por alguns minutos de prazer que traziam a ilusão do descobrimento do sentido para a vida quando, sob o efeito, saía do planeta e corria para longe da realidade. Choramos todos, compulsivamente. Meu grande questionamento diante da vida e de Deus foi o seguinte: Por que comigo?

Um ano depois, lutando sem sucesso contra a dependência, conheci um lugar chamado Projeto Amor, fundado por um homem que viveu dramas parecidos com o meu. O pastor Veloso era o extremo oposto da idéia que eu fazia de pastor. Ele usava tênis, gostava de jogar futebol, fazia uma piada atrás da outra e conseguia falar de um certo Jesus de Nazaré de uma maneira tão envolvente, tão próxima da nossa realidade que nos cultos ali, tínhamos a impressão de que Ele estava presente verdadeiramente. Sentíamos que Ele era tudo aquilo que de sua boca ouvíamos. Me senti tão querido, tão amado, tão respeitado, apesar de todas as minhas mentiras, vícios, egoísmos, que não tive dúvidas: Deus falava comigo naqueles cultos. Foi quando me converti ao evangelho do Senhor Jesus. Foi uma profunda consciência acerca de meus próprios erros, de meus pecados, que fez com que nascesse dentro de mim um novo Daniel, regenerado, renovado e cheio de vida. Pela graça de um Deus absolutamente vivo e presente, comecei meu caminho de volta. Como alguém que verdadeiramente nascia de novo, abracei os ensinos de Jesus revelados no Evangelho e fui experimentando uma transformação profunda, sobretudo no meu caráter, que havia sido completamente corrompido por causa do meu envolvimento com as drogas, mas, acima de tudo, pela minha distância de Deus. Tudo mudou quando fui confrontado e atingido pela Palavra de Deus, que trazia inclusive um profundo conhecimento de minhas próprias culpas, que gerou a cura da minha consciência.

Cheguei já em estado bem avançado da doença, com pneumossistose, um tipo de pneumonia grave, especialmente para quem, como eu, estava com as defesas em baixa. Havia sangue nas secreções que saíam do meu pulmão e também muitas feridas pelo corpo. Pedi a Deus para não morrer, pois agora era tudo diferente. Queria ser evangelista a serviço dele e, quem diria, queria ser pastor!

A pneumonia sumiu. O processo da Aids estacionou, ganhei peso, saúde e esperança. Os anos se passaram e Deus não me curava; apesar de eu ter orado incessantemente muitas vezes. Me sentia mais uma vez só, pois qualquer relacionamento com uma pessoa do sexo oposto era um sonho inatingível. Foi quando surgiu Simoni, hoje minha esposa amada, que voluntariamente abraçou com coragem a decisão de amar um portador e de se expor a tão sério risco. Tem coisas que só o amor explica, e só quem ama entende. São quase quatro anos de união até aqui.

Lá pelo sexto mês do nosso casamento, Simoni teve um sonho três vezes em que Deus lhe dizia que ia nos dar um filho. Não sou desses que gostam de supervalorizar o sobrenatural e relativizar os princípios e ensinos do evangelho, porém creio e vivo a contemporaneidade de um Deus que simplesmente, de maneira soberana, comunica-se com seu povo, acerca de coisas específicas que Ele quer realizar. Minha esposa e eu não abandonamos o uso de preservativos em nossas relações sexuais. Também tínhamos o desejo de adotar uma criança. Ela continuou usando anti-concepcionais. Um mês depois, ela engravidou, quando rompeu-se o preservativo da relação.

Quando soube da gravidez, fiquei desesperado. Pensei comigo mesmo: — Se eu sair por aí dizendo que minha esposa sonhou três vezes e que Deus falou que ela ficaria grávida, vão me chamar de fanático para baixo! O que é que vai ser da criança? No sexto mês de gravidez, o primeiro teste: HIV negativo.

Nasceu Nicole. Outro teste: negativo novamente. Minha filha não é portadora! É a alegria de nossas vidas. E a preferida no coração dos avós. É, para todos nós, um presentinho de Deus.

Meus pais estão bem. Metodistas que foram desde que eu nasci, permaneceram fiéis e sofreram comigo, choraram comigo. Me amaram. Receberam do Senhor, em vida, recompensa dos seus clamores incessantes.

Tem oito anos que sou portador do HIV. Tem sete que sou de Jesus. Enquanto eu viver, será para Ele. Quanto tempo vou viver, só Ele sabe. Já deixei de fazer planos, pois aprendi que não me pertenço. Quanto ao futuro da minha filha e esposa, o que me resta fazer se não apenas entregá-las nas mãos de Jesus, confiando de maneira total? Não existe outra, nem melhor alternativa. De mais a mais, “o amanhã cuidará de si mesmo”. É na simplicidade de minha fé que tenho prosseguido. Penso que não pode ser diferente.

Deus transforma tragédias. Basta haver consciência profunda de pecados e erros que precisam ser perdoados e consertados por Ele. Creio que um dos maiores milagres que tenho experimentado em minha caminhada com Deus é o de continuar vivendo com esperança. Apesar da vida e apesar do vírus.

“E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rm 5.5)

Daniel Camaforte, 28 anos, é capelão do Colégio Cemecista Capitão Lemos Cunha, na Ilha do Governador (Rio de Janeiro), onde desenvolve um projeto-piloto de prevenção das drogas. Será ordenado pastor na Igreja Batista da Freguesia no próximo dia 7 de março. Exercerá seu ministério como pastor auxiliar dessa igreja. A esposa Simoni tem 26 anos e a filha Nicole, três.

Telefones: (021) 396-9480 e
(021) 528-0000 cód. 220195 (bip)

Publicado no site www.ultimato.com.br

EVENTOS MISSIONÁRIOS ...

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Igreja Batista Independente Cristã BR

Pr. Eli Laurentino

Culto de Missões:

2º Domingo de cada mês ás 18:00 horas

Rua José Emídio de Lucena, nº 16 B

Mangabeira

Próximo ao “Trauminha”

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