Portanto, uma vez que estamos
rodeados de tão grande multidão de testemunhas, livremo-nos de todo peso que
nos torna vagarosos e do pecado que nos atrapalha, e corramos com perseverança
a corrida que foi posta diante de nós.
Mantenhamos o olhar firme em Jesus, o
líder e aperfeiçoador de nossa fé. Por causa da alegria que o
esperava, ele suportou a cruz sem se importar com a vergonha. Agora ele está
sentado no lugar de honra à direita do trono de Deus. Hebreus 12:1,2
Estamos
há um dia e meio do próximo ano novo. A partir desta segunda-feira, deixaremos
para trás as experiencias vividas, os planos concretizados e também os sonhos
desfeitos. Pouco a pouco, viram-se as páginas da vida, e o que temos em mãos é
um belo álbum de fotografias.
Por um
momento vem à mente a pergunta: “Valeu à pena tudo o que foi vivido até
aqui?”.
Não sei
se minha alma é grande ou pequena, para que ela mesma faça a vida valer. Creio
que maior que minha alma é o sopro do Senhor da minha vida.
Preciso aprender, ao estilo Walter Benjamin, o movimento sutil de
lembrar e esquecer as coisas do passado, pois essa é a grande arte.
Não só lembrar o que é bom, não só esquecer o que é ruim, mas permitir que Deus trate e cure as feridas marcadas na memória.
Libertar-se do que foi bom, para que Deus possa abrir caminho em nós para o
melhor.
O ano novo convida a olharmos para frente, e é isso mesmo que
devemos fazer, crendo que Deus estará conosco em cada dia desse novo ano que
vai começar.
Com Ele, viveremos novos sonhos, novos desafios, novos trabalhos e
mesmo novas ilusões. O que importa é que Ele, que começou boa obra em nós, há
de continuar do nosso lado, sendo o grande parceiro de nossas vidas.
O grande desafio deste dia talvez não seja o de olharmos para trás
e fazermos balanços, nem olharmos para o futuro e fazer projetos; mas
aprendermos a olhar para Jesus, em quem se funde misteriosamente o passado,
o presente e o futuro.
Quanto a mim, desejo começar este
novo ano com o Senhor e tentar viver cada dia nessa decisão.
Que Ele tome os meus dias, que escreva neles a sua vontade.
Que Ele me deixe o seu recado e ensine-me a perceber sua presença
perto de mim, dentro de mim e no mundo ao meu redor.
Dietrich Bonhoeffer, que enfrentou como ninguém tempos sombrios e
que assumia uma postura otimista diante da vida, afirmou certa vez que “otimismo,
entretanto, não é essencialmente uma opinião sobre a presente situação, mas
representa uma força vital, uma energia de esperança, onde outros resignam, uma
resistência de manter erguida a cabeça, quando tudo parece fracassar, uma força
que jamais entrega o futuro ao adversário, mas o reclama para si”. É isso,
uma santa teimosia, um não se entregar à tristeza e ao pavor.
Uma canção emblemática dos anos 1970 falava da passagem do tempo e
do futuro: “Clube da Esquina”, uma composição de um trio de músicos
inesquecíveis – Lô Borges, Milton Nascimento e Márcio Borges.
Nessa canção, o poeta fala de alguém que um dia foi jovem, alguém
que “se chamava moço”, mas que “também se chamava estrada / Viagem de
ventania”, isto é processo, movimento, um ser incompleto que “nem se lembra se
olhou pra trás / Ao primeiro passo”. Mais adiante na canção se ouve a famosa
frase: “também se chamavam sonhos. E sonhos não envelhecem”.
Que todos tenhamos um 2024 em que as bênçãos e as lutas sejam
compartilhadas. Como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade, “não nos
afastemos. Não nos afastemos muito. Vamos de mãos dadas”.
(Texto adaptado do site ultimato.com.br)